quinta-feira, 7 de abril de 2011

"What if I fall, and hurts myself, would you know how to fix me?"

- Você não podia ser assim. Não foi assim que eu planejei, Paulo.
Já brigávamos há uma hora. O motivo? Todos. Ele havia mudado, não era o mesmo que eu conhecera. Era machista, me tratava mal, e dizia sempre que eu devia deixar meu trabalho como jornalista - aquele que eu tanto lutei para conquistar - e ficar cuidando da casa, fazendo tudo pra ele. Ele já havia me batido, uma vez que chegou tarde em casa e eu tentei tirar explicações, ele estava bêbado e acabou me batendo. Nesse dia eu havia dormido na sala, para ficar bem longe dele.
- Sinto muito, Alice, mas a vida não é um conto de fadas. E eu lamento MUITO que seja eu a te dizer isto.
- Eu não pedi pra que fosse, e eu sei que não é. Eu só queria que você não tivesse mudado tanto, que me tratasse bem, e que não tivesse se tornado tão machista.
- Muito prazer, eu sou um cara cheio de defeitos.
- É, eu to vendo agora.
Saí da casa e bati a porta com a maior força possível. Estava cansada de brigas, não queria essa vida pra mim, precisava relaxar.
- Léo, você pode me buscar aqui em casa? - eu disse aos soluços.
- Brigaram de novo?
- Depois te conto tudo.
- Tá, eu to indo aí.
Sentei na calçada e enquanto esperava, chorava. Eu sei que ele era horrível comigo, mas eu ainda gostava um pouco dele. Apesar de que isso mudava aos poucos.
- Alice! - continuei chorando com o rosto enterrado nas mãos. Escutei a porta do carro abrindo, o motor ainda ligado. Ele sentou ao meu lado e me senti envolvida num abraço reconfortante. - Alice, você está se acabando. vem comigo. - ele me levando e me guiou até o carro, afagando meu cabelo algumas vezes. Sentei no carro como uma bomba.
- Léo, me ajuda, por favor, eu não sei mais o que fazer! A gente briga todo dia, e o pior é que eu ainda gosto um pouco dele, mesmo ele me tratando assim.
- Alice, você tem é que se afastar desse cara, esquecer ele. Ele só te faz sofrer.
- Eu sei.
- Volta lá quando ele não estiver, pega suas coisas, e vai embora. Se não se importar, pode ficar lá em casa;
- De verdade?
- É claro, Alice.
- Obrigada Léo.
Naquele dia nos divertimos muito, eu quase esqueci tudo o que Paulo me fazia passar. No dia seguinte, enquanto ele trabalhava, eu busquei minhas coisas e deixei um bilhete dizendo que havia me cansado de ser capacho.
Fui para casa de Léo e com o tempo, acabei gostando mais dele do que devia. O bom foi que ele sentiu o mesmo. Passaram dois anos de namoro, e ele me pediu em casamento. Eu aceitei, claro. Depois de mais uma ano, tivemos um filho, colocamos o nome do avô de Léo, Carlos Eduardo. Mais três anos se passaram e tivemos uma menina, com o nome de Clara.
No fim das contas, eu descobri que não sabia o que era amar enquanto estava com Paulo. Agora sim, eu sabia o que era o amor.


Pauta para Bloinquês 63ª Edição Musical.

2 comentários: