sexta-feira, 22 de abril de 2011

You

Fico pensando.. Onde você tá quando some? O que será que estás a fazer agora? Será que tá bem mesmo ou é só disfarce?

quinta-feira, 7 de abril de 2011

"What if I fall, and hurts myself, would you know how to fix me?"

- Você não podia ser assim. Não foi assim que eu planejei, Paulo.
Já brigávamos há uma hora. O motivo? Todos. Ele havia mudado, não era o mesmo que eu conhecera. Era machista, me tratava mal, e dizia sempre que eu devia deixar meu trabalho como jornalista - aquele que eu tanto lutei para conquistar - e ficar cuidando da casa, fazendo tudo pra ele. Ele já havia me batido, uma vez que chegou tarde em casa e eu tentei tirar explicações, ele estava bêbado e acabou me batendo. Nesse dia eu havia dormido na sala, para ficar bem longe dele.
- Sinto muito, Alice, mas a vida não é um conto de fadas. E eu lamento MUITO que seja eu a te dizer isto.
- Eu não pedi pra que fosse, e eu sei que não é. Eu só queria que você não tivesse mudado tanto, que me tratasse bem, e que não tivesse se tornado tão machista.
- Muito prazer, eu sou um cara cheio de defeitos.
- É, eu to vendo agora.
Saí da casa e bati a porta com a maior força possível. Estava cansada de brigas, não queria essa vida pra mim, precisava relaxar.
- Léo, você pode me buscar aqui em casa? - eu disse aos soluços.
- Brigaram de novo?
- Depois te conto tudo.
- Tá, eu to indo aí.
Sentei na calçada e enquanto esperava, chorava. Eu sei que ele era horrível comigo, mas eu ainda gostava um pouco dele. Apesar de que isso mudava aos poucos.
- Alice! - continuei chorando com o rosto enterrado nas mãos. Escutei a porta do carro abrindo, o motor ainda ligado. Ele sentou ao meu lado e me senti envolvida num abraço reconfortante. - Alice, você está se acabando. vem comigo. - ele me levando e me guiou até o carro, afagando meu cabelo algumas vezes. Sentei no carro como uma bomba.
- Léo, me ajuda, por favor, eu não sei mais o que fazer! A gente briga todo dia, e o pior é que eu ainda gosto um pouco dele, mesmo ele me tratando assim.
- Alice, você tem é que se afastar desse cara, esquecer ele. Ele só te faz sofrer.
- Eu sei.
- Volta lá quando ele não estiver, pega suas coisas, e vai embora. Se não se importar, pode ficar lá em casa;
- De verdade?
- É claro, Alice.
- Obrigada Léo.
Naquele dia nos divertimos muito, eu quase esqueci tudo o que Paulo me fazia passar. No dia seguinte, enquanto ele trabalhava, eu busquei minhas coisas e deixei um bilhete dizendo que havia me cansado de ser capacho.
Fui para casa de Léo e com o tempo, acabei gostando mais dele do que devia. O bom foi que ele sentiu o mesmo. Passaram dois anos de namoro, e ele me pediu em casamento. Eu aceitei, claro. Depois de mais uma ano, tivemos um filho, colocamos o nome do avô de Léo, Carlos Eduardo. Mais três anos se passaram e tivemos uma menina, com o nome de Clara.
No fim das contas, eu descobri que não sabia o que era amar enquanto estava com Paulo. Agora sim, eu sabia o que era o amor.


Pauta para Bloinquês 63ª Edição Musical.

terça-feira, 5 de abril de 2011

domingo, 3 de abril de 2011

Tudo por você IV.

  • Luís Felipe

Ding Dong!

- Pois não? - minha mãe perguntou - Ah, é você Clara. Só um instante, já chamo meu filho.
- Quem é mãe? - gritei da cozinha.
- É melhor vir ver meu filho..
- Não Sra. Parker, ai.. Olha só, entrega isso pro Lipe tá?
- Tá, mas..
- Quem era mãe?
- Era a Clara, sua namorada. Ela pediu pra te entregar isso e saiu correndo.
- Me dá isso mãe. Valeu.
Subi as escadas quase aos tropeços, diretamente para meu quarto. Abri o envelope. Era uma carta. Li cada linha lembrando de sua voz doce, como se ela estivesse lendo para mim. Pensava nela, sentada na varanda de sua casa, escrevendo cada palavra com sua letra redonda. E ao final da carta já havia, há muito, percebido meu erro.
- Ai Clara, onde você está? - me perguntava.
Desci as escadas quase caindo no final.
- Mãe, tô saindo, tá?
- Tá, mas pra que tanta pressa..? - a deixei falando sozinha, eu precisava procurar em cada canto onde ela possivelmente estaria. Conferi meu bolso, as alianças ainda estavam aqui. A ideia era procurar em sua casa, e no caminho havia uma banca de flores, onde comprei um lindo buquê de tulipas vermelhas. Quando ia saindo da banca, me lembrei de um parque municipal que frequentávamos muito.
Ela estava ao pé da árvore em que marcamos com nossas iniciais dentro de um coração, sentada em um toalha de piquenique xadrez como sempre fez nesses dois anos. Ela tinha um galho forte nas mãos, e enquanto a olhava, via que suas mãos iam direto para o coração na árvore, como se fosse riscá-lo. E era isso mesmo que faria se eu não tentasse impedir.
- Vai mesmo fazer isso Clara? Você quer mesmo que tudo acabe? - nesse momento meu cabelo provavelmente deveria estar bagunçado e a roupa toda fora do lugar, as flores em minha mão esquerda já quase caiam, e lágrimas escorriam de meus olhos.
- Não, eu não quero Lipe, mas é só que eu achei que não irias me perdoar nunca. E eu sei que o que fiz foi errado, mas você sabe.. sou muito orgulhosa. Não consegui evitar, e fiz o que fiz. Se você ao menos me perdoasse, já teria minha felicidade.
- É, eu poderia não te perdoar nunca, e poderia também pedir pra que nunca mais fale comigo, e nem me olhe. Mas eu não posso. Não consigo. Sabe por que Clara? Porque eu te amo. Assim, simplesmente, ou complicadamente, e com certeza, inexplicavelmente. Você é tipo o minha razão pra estar vivo. E como se vive sem a razão pra se viver? Não dá, não é mesmo?
- É. - acho que foi a única coisa que ela conseguiu dizer, e ela chorava tanto, que estava até bonitinho.
Entreguei-lhe as flores, eram suas preferidas, parecia que ela iria derreter de tanto chorar. Mas aí eu a abracei, como que pra dizer pra que se acalmasse. Acho que funcionou, pois logo ela já respirava normalmente.
- Hey, acho que isso é pra gente né? - e lhe mostrei as alianças.
- É sim. Você não se importa em usar essas?
- Não, é passado tudo isso. - e a beijei. A beijei como se fosse a primeira vez, mas também como se fosse a última. Depois acrescentamos um detalhe ao coração. Agora o que estava escrito era: C + L for ever.
Ficamos lá, por o que deve ter sido pouco mais de uma hora, olhando o sol se pôr, como era linda essa paisagem.


FIM

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre.


- Clarice Lispector